Binance convida Henrique Meirelles a integrar conselho

Nesta semana, a Binance surpreendeu a comunidade cripto ao convidar o ex-presidente do Banco Central e do Ministério da Economia, Henrique Meirelles, para integrar seu conselho consultivo global. “Eu ainda preciso estudar o assunto, é um mercado muito novo, mas achei a proposta interessante”, disse o ex-ministro durante entrevista à Folha de S. Paulo.

Na segunda, em entrevista ao UOL, Meirelles chegou a afirmar que o segmento de criptoativos é sinônimo de desafios regulatórios importantes. “É um mercado muito interessante, evidentemente novo, que representa o futuro”, apontou.

“Tem ganhos importantes do ponto de vista econômico e de qualidade de serviços para as pessoas na medida em que pode propiciar pagamentos muito rápidos sem a existência necessariamente de intermediários, fazendo operações mais rápidas, mais simples e menos dispendiosas. Você pode, por exemplo, liquidar operações de crédito exterior, etc, muito rapidamente. Tudo isso representa o futuro”,  anunciou, ainda, o ex-ministro.

De acordo com o ex-ministro, os criptoativos de modo geral e as  stablecoins  são foco de atenção e estudo dos reguladores.  “Precisamos agora estabelecer normas e procedimentos em estudo por diversos bancos centrais, inclusive o banco central brasileiro, da criação das moedas digitais dos bancos centrais. Em resumo: esse é o futuro. O que temos agora é organizar isso da melhor maneira possível para que possa se prestar o melhor serviço à população”, anunciou na entrevista.

Só que em julho, o Banco Central notificou o banco Acesso, responsável pelas transações da corretora líder do mercado brasileiro de criptomoedas Binance, sobre um alto risco de lavagem de dinheiro nas operações. Frente a esse cenário, o BC simplesmente exigiu o envio de informações detalhadas sobre os clientes.

O que acontece é que o Congresso Nacional está a ponto de votar no projeto de lei responsável por lançar luz sobre as regulamentações em torno do mercado de criptoativos. Originalmente, a ideia do Banco Central era que as normas relacionadas às moedas digitais fossem mais rígidas, mas para que a aprovação da proposta acontecesse antes do recesso parlamentar, o órgão acabou fazendo algumas concessões.

Foi em meio a essas imposições que a Binance optou por trocar de parceiro, deixando de lado a Capitual (banco Acesso) para aderir à Latam Gateway, como parceira, esta diretamente relacionada ao banco BS2.

O que despertou os olhares desconfiados do BC foram as movimentações financeiras da Binance: a corretora movimentou nada menos que R$ 40 bilhões em 2021, mas sem que o Acesso exercesse controle sobre os clientes e a origem dos recursos.

Nos EUA, a Binance vem enfrentando investigações por possíveis irregularidades. A SEC — Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio, que regula o mercado de criptomoedas nos EUA — suspeita que a exchange de criptomoedas tenha vendido títulos não licenciados em sua ICO, e a situação foi suficiente para lançar luz sobre casos antigos, como enfatizado pela agência de notícias Reuters: investigações chegaram a indicar que a Binance se envolveu com lavagem de cerca de US$ 2,35 bilhões (o equivalente a R$ 11,7 bilhões) entre 2017 e 2021.

Conforme resultados dessa investigação anterior, criptomoedas decorrentes de hacks, fraudes de investimento e vendas de drogas ilegais podem ter sido enviadas para a maior corretora cripto do mundo. Agora, a SEC trouxe dezenas de ações de fiscalização sobre ICOs, que envolvem a emissão de moedas virtuais para arrecadar dinheiro.