Artista coloca a própria alma à venda como NFT por R$ 16 milhões; entenda

O mercado de NFTs tem suas peculiaridades, mas quando se pensa que já foi visto de tudo, alguém chega para superar os limites e mostrar que esse nicho está realmente destinado a surpreender. O caso mais recente é do jovem Stijn van Schaik, de 21 anos, que estuda arte na Royal Academy of Art (Países Baixos): ele decidiu colocar nada menos que a própria alma à venda, como NFT.

Segundo o “contrato” que acompanha a venda do NFT, quem comprar sua alma tem o direito de reivindicar publicamente sua posse, transferir a alma, toda ou em parte, para qualquer pessoa ou entidade, por qualquer motivo, sacrificar ou oferecer a alma, no todo ou em parte, a qualquer divindade ou entidade espiritual e ainda “usar a alma para qualquer propósito que faça com que ela diminua em valor, quantidade ou substância”.

O token não fungível em questão, nomeado Soul of Schinus, foi hospedado para ser leiloado na famosa plataforma OpenSea. Na página, a descrição que acompanha é a seguinte: “Olá, pessoal. Vocês estão atualmente olhando para uma alma. Por enquanto, ela é minha. Uma vez que ela for totalmente transferida para a blockchain, ninguém sabe o que vai acontecer. O que significa para uma alma ser descentralizada? Vamos descobrir!”

Engana-se, no entanto, quem acha que há pouco interesse em se apoderar da “alma” do artista: a venda já foi feita, por simplesmente 1.040 ETH, o que representa aproximadamente US$ 3,6 milhões (ou, em conversão direta, R$ 16,5 milhões).

O comprador, Brian Christie, chegou inclusive a fazer um comunicado explicando o porquê de ter comprado a alma do holandês. “Eu nunca fui capaz de criar uma grande arte, mas posso apreciá-la quando a vejo, e o trabalho de Stijn van Schaik é pura genialidade. É uma obra de arte brilhante em nossa era digital. É a primeira alma humana vendida via NFT da história, então fui em frente e paguei um pouco de ETH por ela”, consta a declaração. 

Sob o ponto de vista do comprador, à medida que a mídia e o hype dos investidores continuam a inflar a bolha NFT, o que a maioria dos compradores e o público fundamentalmente não entendem é que 99,9% dos NFTs vendidos atualmente não são a arte digital que se espera, mas sim chaves para metadados em algum blockchain que contém uma URL destinada a uma imagem hospedada em outro lugar.

“Neste momento, a maioria dos NFTs são apenas fichas no cassino da OpenSea. Uma coisa que torna o trabalho de Stijn tão brilhante é que, deixando de lado o debate sobre a existência de uma alma e se ela pode ou não ser propriedade de outros, ele reconhece a falácia da propriedade de NFT hoje porque para a maioria dos NFTs de arte digital, não têm a capacidade de possuir exclusivamente o item que está sendo negociado. Em contraste, seu contrato habilmente atribui plenos direitos e títulos à sua alma de forma exclusiva. Em outras palavras, contratualmente e fisicamente, não há como alguém ‘clicar com o botão direito e copiar’ a alma que ele transferiu ao comprador (eu)”, defendeu Christie.