Polícia sul-coreana invade casa de cofundador da Terraform Labs para investigar colapso

Nesta semana, a polícia sul-coreana invadiu a casa do cofundador da Terraform Labs, Daniel Shin, para dar continuidade a uma investigação sobre alegações de atividade ilegal por trás da stablecoin TerraUSD. As autoridades também fizeram uma varredura em casas de câmbio, escritórios de criptomoedas e duas empresas afiliadas.

Na Coreia do Sul, promotores realizaram buscas esta semana em 15 áreas, incluindo sete exchanges locais, como Upbit, Bithumb e Gopax. A ação ocorreu cerca de um mês depois que as autoridades proibiram atuais e ex-funcionários da Terraform Labs de deixar o país. Para se ter um parâmetro, as autoridades chegaram a convocar um ex-funcionário de uma unidade do Terraform Labs para interrogatório.

Com isso, os promotores também estão investigando se o outro cofundador da empresa, Do Kwon, evadiu impostos transferindo lucros de transações de criptomoedas para uma conta offshore. Acredita-se que Shin e Kwon estejam em Singapura atualmente.

Os dois empreendedores de criptomoedas fundaram a Terraform Labs juntos em 2018, mas em março de 2020, Shin renunciou ao cargo de CEO e reduziu sua participação na empresa. Kwon assumiu o controle da Terraform Labs, que lançou o blockchain Terra para dar suporte a aplicativos financeiros descentralizados.

A stablecoin TerraUSD (UST) e a criptomoeda LUNA se tornaram uma parte fundamental do projeto mais amplo de Kwon, apoiando aplicativos como o protocolo de empréstimo Anchor. Uma premissa-chave que sustentava o ecossistema Terra mais amplo era a atrelagem da UST ao dólar americano, supostamente protegida por uma mistura complexa de algoritmos e incentivos comerciais envolvendo a LUNA. Era um modelo diferente de outras stablecoins, lastreadas em dinheiro e outros ativos líquidos. 

Terraform Labs e o colapso

No entanto, a TerraUSD desmoronou no início de maio, quando o mecanismo falhou em protegê-la de uma forte liquidação, tornando a Luna quase inútil e eliminando cerca de US$ 40 bilhões em valor de mercado combinado. O ocorrido exacerbou a derrota dos ativos digitais.   

A criptomoeda LUNA conquistou cada vez mais espaço no mercado, chegando a valer mais de US$ 100 (R$ 493), mas a queda foi tanta que seu valor quase zerou (US$ 0,0004114 ou R$ 0,00209814). Mesmo com uma ascensão de 1300%, a moeda digital continuou “respirando por aparelhos”, até que Do Kwon decidiu reformular completamente o projeto.

Em junho, Do Kwon, foi processado por um cidadão dos EUA chamado Nick Patterson, sob a acusação de ter enganado os investidores dos projetos da Terraform Labs com “afirmativas falsas” a respeito dos projetos (tanto LUNA quanto a stablecoin TerraUSD) e por vender tokens mesmo sabendo se tratar de “ativos mobiliários sem registro”.

“Além de vender títulos não registrados com os Terra Tokens, os réus fizeram uma série de declarações falsas e enganosas sobre os maiores ativos digitais do ecossistema Terra por valor de mercado, UST e LUNA, a fim de induzir os investidores a comprar esses ativos digitais a taxas inflacionadas”, consta na acusação.

O processo contra o cofundador da Terraform Labs também faz menção a seis grupos de capital de risco (LFG, Jump Crypto, Tribe Capital, Republic Capital, GSR, DeFinance Capital e o 3AC) que prometeram apoiar e financiar o ecossistema Terra, mas falharam em sua promessa.