Os DeFi estão impulsionando o Ethereum e o Bitcoin
O crescimento das Defi (Finanças Descentralizadas) está espantoso esse ano, principalmente nos últimos meses.
Segundo o site DeFi Pulse, a quantidade total de valor depositado, ou travados, na tradução literal em inglês “Total Value Locked – TVL” em contratos inteligentes de DeFi subiu de aproximadamente $500 milhões de dólares em setembro do ano passado para mais de $8bilhões de dólares atualmente, conforme a figura 1 abaixo.
Esse crescimento exponencial tem acontecido porque recentemente muitos projetos de criptomoedas tem focado em resolver o principal problema na falta de adoção dos DeFis: a falta de liquidez.
Um exemplo para ilustrar como a falta de liquidez gera empecilhos para a adoção é a utilização de corretoras descentralizadas.
Mesmo essas corretoras já estando em operação há muitos anos e tendo a grande vantagem de permitir que seus usuários mantenham a custódia de suas criptomoedas, guardando suas chaves privadas, as corretoras centralizadas seguem responsáveis pela maior parte do volume de transações de criptomoedas.
Mas qual o problema de utilizar as corretoras centralizadas?
Se investigarmos
rapidamente no Google sobre ressalvas em corretoras centralizadas tradicionais
iremos encontrar diversos problemas como perda de fundos dos clientes por ataques
hackers constantes e também por fraude.
Mesmo assim a alta liquidez das corretoras centralizadas continua sendo uma
grande vantagem em relação às descentralizadas.
Mas como é possível aumentar a liquidez no mundo das finanças
descentralizadas?
É possível fazer uma comparação com o sistema financeiro tradicional.
Historicamente bancos conseguem ter muita liquidez porque recebem depósitos de seus clientes e os remuneram com juros sobre o montante depositado.
Basicamente podemos dizer que os projetos no mundo das criptos começaram a fazer o mesmo com o conceito chamado de yield farming.
Nessa modalidade é possível emprestar criptomoeda para um projeto específico e receber juros na forma de criptomoedas. Ou seja, basicamente você empresta criptomoedas e recebe juros em criptomoedas.
Os empréstimos com juros em criptomoedas já existiam há alguns anos mas o yield farming tem se mostrado mais eficiente porque paga juros maiores.
Na figura 2 estão listados, segundo o DeFi Pulse, os maiores tokens desse novo mundo de DeFi.
Ato contínuo, o problema da falta de liquidez em DeFi começou a ser solucionado.
Recentemente a Uniswap, uma corretora descentralizada, ultrapassou o volume negociado nas últimas 24 da Coinbase PRO, uma das 10 maiores corretoras centralizadas do mundo.
Voltando agora para o gráfico da Figura 1, podemos ver que a quantidade de criptomoedas depositadas em DeFi cresceu exponencialmente nos últimos meses.
Porém nesta figura estão apenas os depósitos em stable coins, ou seja, criptomoedas geralmente pareadas com o dólar, como por exemplo o USDT e o DAI.
Não estão inclusos nesse número as pessoas que preferem usar como colateral o Bitcoin (BTC) e o ETHER (ETH) como depósitos.
O crescimento percentual em BTC foi ainda mais expressivo do que o das stable coins.
O número de Bitcoins depositado passou de 1400 BTC há um ano para mais de 95.000 BTC atualmente.
Isso é equivalente a um valor de aproximadamente 1 bilhão de dólares, conforme a Figura 3 abaixo.
Em termos de crescimento foi um aumento de quase 70 vezes.
Já com o ETH, a segunda maior criptomoeda em capitalização de mercado, a quantidade foi ainda mais expressiva em termos relativos.
O valor em dólares está um pouco acima se comparamos com o Bitcoin, pois estão depositados atualmente 3,6 milhões de ETH, que equivalem a um pouco mais de 1 bilhão de dólares.
Além disso esse valor é equivalente à aproximadamente 3% de todos os ETH em circulação, conforme a figura 4 abaixo.
Como comparação, o BTC, a maior criptomoeda em capitalização de mercado tem “apenas” 0,5% de todos os BTC em circulação depositados em contratos de DeFi.
Acredito que nesse ponto o leitor que pensou em escassez e como funciona a oferta e demanda já entendeu o que está ocorrendo aqui.
Não é difícil perceber que com mais BTC e ETH depositados em contratos de DeFi, restam menos critpomoedas para negociar no mercado.
Esse choque com a diminuição da oferta dessas criptomoedas gera uma pressão nos preços desses ativos que tendem a subir.
Parece claro que se continuarmos com esse crescimento dos DeFis, maior será o aumento de escassez no mercado e maior será a valorização das criptomoedas como BTC e ETH.
É importante lembrar que o mercado total de criptomoedas ainda é “minúsculo”, de aproximadamente 340 bilhões dólares, se comparado por exemplo com o mercado de ações globais, avaliado em 70 trilhões de dólares.
Além disso todos os bancos centrais dos maiores países estão imprimindo dinheiro massivamente para tentar diminuir os problemas da pandemia do COVID-19.
Soma-se a isso agora o fato de os DeFis estarem gerando uma grande e crescente escassez de BTC e ETH.
Acredito que temos um cenário bastante otimista para que as criptomoedas possam se valorizar muito no futuro próximo.
Marcelo Pravatta é engenheiro eletrônico formado pela USP, coproprietário do site www.criptos.com.br , entusiasta de criptomoedas e escola austríaca de economia