O Ethereum está ofuscando a Lightning Network e até mesmo o próprio Bitcoin
É inegável o crescimento do uso da blockchain do Ethereum recentemente, inclusive bem acima do do Bitcoin (BTC), a maior criptomoeda em capitalização de mercado.
Isso é possível constatar pela valorização do ETH de aproximadamente 88% em relação ao BTC em 2020, conforme imagem da Figura 1.
Além disso o crescimento virtuoso dos DeFis, as finanças descentralizadas, está acontecendo
majoritariamente no Ethereum, conforme é possível observar no site Defi Pulse .
Se analisarmos por exemplo os 10 maiores projetos DeFi neste site com depósitos em USD, simplesmente todos os 10 rodam na blockchain do Ethereum, conforme imagem da Figura 2.
E conforme demonstrado neste artigo a capitalização de mercado dos projetos DeFi está crescendo exponencialmente esse ano, o que sugere que o Ethereum ainda parece ter mais gás para seguir essa tendência de crescimento.
Porém o mais curioso ocorre ainda em outro fato.
Se compararmos a quantidade atual de ETH e BTC depositados em projetos DeFi, encontramos respectivamente 8.2 milhões de ETH e 130 mil BTC, que são respectivamente $2,9 bilhões de dólares em ETH e $1,5 bilhões de dólares em BTC.
E em quais projetos de DeFi estão sendo depositados esses BTC?
Ironicamente quase 70% dos BTC depositados em DeFi estão no WTBC, que é um token do Ethereum, em que ao depositar 1 BTC nesse contrato inteligente o usuário recebe 1 WBTC.
O WBTC possui exatemente o valor de 1 bitcoin e é uma alternativa para quem prefere usar a blockchain do Ethereum ao invés da blockchain do Bitcoin.
Ou seja, a maioria das pessoas que deposita BTC em projetos de DeFi, na verdade faz isso para usar a blockchain do Ethereum.
E como está a Lightning Network?
Essa solução foi proposta em 2015 como supostamente a mais proeminente ideia para resolver o problema de escalabilidade do bitcoin.
Ela basicamente consiste em uma solução “off-chain”, em que as transações não ficam registradas nas blockchain e sim em canais que as pessoas devem abrir e depositar seus BTC nesses canais por tempo indeterminado.
Entretanto, 5 anos depois, como é possível ver na Figura 3, a Lightning network está apenas em um vergonhoso 9º lugar entre os projetos de DeFi mais bem sucedidos.
Enquanto isso o WBTC que fora criado mais de três anos depois, em 2018, já possui aproximadamente 80 vezes mais BTC depositados do que a Lightning Network.
Na verdade quando foi proposta a ideia da Lightning o próprio Ethereum havia sido lançado há menos de 1 ano.
Em pouco tempo o Ethereum demonstrou potencial e o número de aplicações que usa sua plataforma cresce de maneira exponencial.
Portanto parece muito difícil que essa solução de escalabilidade do Bitcoin comece do nada a crescer agora e consiga se tornar relevante.
As mudanças tecnológicas no mundo atual parecem ocorrer mais rapidamente.
No mundo das criptos então, 5 anos parece até uma eternidade.
Realmente parece que o mundo dos DeFis pertence ao Ethereum.
Já foi criado até um site que mostra um possível “flippening” do ETH sobre o BTC.
Esse site criou um índice que vai e 0 a 100%.
O 100% do “flippening” ocorreria quando o Ethereum superar o Bitcoin em 8 métricas.
Atualmente o índice já está em mais de 60% e o Ethereum já superou o Bitcoin em número de transações, volume de transações e número total de taxas (fees).
Será que essa tendência irá continuar? Será mesmo possível que o Ethereum supere o Bitcoin e se torne a maior e mais usada criptomoeda?
Marcelo Pravatta é engenheiro eletrônico formado pela USP, coproprietário do site www.criptos.com.br , entusiasta de criptomoedas e escola austríaca de economia