EUA acusam hackers da Coreia do Norte por roubo de US$ 620 milhões em ETH

Mais um capítulo da novela dos Estados Unidos e Coreia do Norte veio à tona nesta quinta-feira (15). Dias depois de condenar um dos desenvolvedores da Ethereum por conspirar com o país asiático, as autoridades norte-americanas acusaram um grupo de hackers vinculados à Coreia do Norte de ser responsável pelo roubo de US$ 620 milhões em criptomoedas em um ataque contra jogadores de Axie Infinity.

O roubo realizado na blockchain Ronin Network, focada no mercado de games — e conhecida principalmente pela produção do jogo Axie Infinity — foi anunciado pela primeira vez no dia 29 de março. Ao todo, o crime resultou em um roubo de 173.600 ETH e 25,5 milhões de USDC, criptomoeda conhecida como stablecoin (criptomoeda pareada ao dólar), o equivalente a US$ 600 milhões, ou R$ 2,8 bilhões.

Um órgão norte-americano chamado The U.S. Treasury Department apontou que o ocorrido se deve ao grupo de hackers Lazarus, que tem vínculo com a Coreia do Norte. Na quinta, o departamento adicionou o endereço de uma carteira digital específica à sua lista de sanções, que detinha 148 mil ETH. O veículo CoinDesk chegou a apresentar a afirmativa de que a carteira está vinculada à exploração do Ronin.

Por sua vez, uma empresa de análise de criptografia chamada Chainalysis também utilizou o espaço das redes sociais para afirmar que o endereço em questão estava envolvido no hack da Ronin. Enquanto isso, a empresa de rastreamento Elliptic estimou que 14% dos fundos roubados já haviam sido extraídos.

Em um comunicado, a própria Ronin Network alegou que o FBI (que trabalhou juntamente ao Treasury Department) vinculou Lazarus à violação do validador e que o Departamento do Tesouro sancionou os fundos: “Ainda estamos no processo de adicionar medidas de segurança adicionais antes de reimplantar a Ronin Bridge para mitigar riscos futuros”, afirmou a equipe. O anúncio do próprio FBI diz o seguinte:

A identificação da carteira deixará claro que, ao fazer transações com ela, corre-se o risco de exposição a sanções dos EUA. Isso demonstra o compromisso do Treasury Department de usar todas as autoridades disponíveis para interromper cibercriminosos maliciosos e bloquear produtos criminais ilícitos. Pode haver requisitos obrigatórios de sanções secundárias para pessoas que conscientemente, direta ou indiretamente, se envolvam em lavagem de dinheiro, falsificação de mercadorias ou moeda, contrabando de dinheiro em massa ou tráfico de narcóticos que apoiem o governo da Coreia do Norte ou qualquer alto funcionário ou pessoa agindo para ou em nome desse Governo.

EUA x Coreia do Norte

Não é a primeira vez que os EUA e a Coreia do Norte protagonizam um conflito indireto relacionado ao mercado cripto. Na última terça (12), um dos desenvolvedores da criptomoeda Ethereum, Virgil Griffith, foi condenado a cinco anos de prisão por  violar sanções internacionais ao realizar uma viagem à Coreia do Norte em abril de 2019, ocasião em que se dirigiu à capital de Pyongyang e participou de um encontro sobre blockchain e criptomoedas, desobedecendo a decisão do Departamento de Estado dos EUA, que tinha proibido a viagem de acontecer. Além da prisão, o programador também deve pagar uma multa de US$ 100 mil (o que equivale a cerca de R$ 469 mil, em conversão direta).