Banco Central do Reino Unido volta a criticar criptomoedas e exigir rigor nos regulamentos

A relação entre a Europa e as criptomoedas tem sido espinhosa, e no Reino Unido não é diferente. Na terça (12), o vice-governador do Bank of England (BoE) para estabilidade financeira, Jon Cunliffe, recomendou um conjunto de regulamentos semelhantes aos sistemas financeiros convencionais como uma alternativa para enfrentar os riscos promovidos pelo mercado cripto.

Como já mencionado aqui no Criptos, são tempos difíceis para os entusiastas das moedas digitais, principalmente levando em consideração o iminente inverno cripto,  que diz respeito a um provável longo período de problemas no mercado de criptomoedas, em que se deve permanecer vigilante e preparado para o caos. Para se ter um parâmetro, o valor total do mercado diminuiu US$ 200 bilhões.

Com isso em mente, Cunliffe argumenta que os reguladores devem proteger os investidores dos prejuízos. “Tecnologias cripto oferecem a possibilidade de inovação e melhoria significativa nas finanças. Mas para ter sucesso e ser sustentável, a inovação precisa acontecer em uma estrutura onde os riscos sejam gerenciáveis: as pessoas não voam por muito tempo em aviões sem  

De acordo com o executivo, criptomoedas estão “propensas ao colapso”, seguindo os passos do que a gente já viu com o ecossistema Terra, por exemplo, que rendeu grandes prejuízos aos investidores ao ponto de precisar de uma reformulação completa. 

Anteriormente, o Her Majesty’s (HM) Treasury, o departamento do Governo do Reino Unido que é responsável pelo desenvolvimento das finanças públicas e da política econômica do país, publicou um relatório destacando a importância das stablecoins na inovação, apesar de sua capacidade de impactar a estabilidade financeira em caso de falhas sistêmicas.

Com isso, o departamento pediu a nomeação do Regime Especial de Administração de Infraestrutura do Mercado Financeiro (FMI SAR) como a principal entidade para lidar com a potencial falha sistêmica das empresas responsáveis pela emissão de stablecoin, além da atribuição de maiores poderes ao Banco Central da Inglaterra (Bank of England) para dirigir administradores e criar regulamentos. O principal argumento do HM Treasury gira em torno da possibilidade de “um grande número de pessoas perder o acesso a fundos e ativos”.

 Criptomoedas na Europa

Recentemente, a Comissão Europeia destacou o potencial das finanças descentralizadas (DeFi) em reduzir custos e reconheceu que seria necessário repensar a abordagem da regulamentação.

No entanto, no fim do mês de março,  a União Europeia aprovou uma lei que quebra o sigilo das transações cripto, impossibilitando o anonimato em transações que ultrapassem o valor de 1.000 euros (o equivalente a cerca de R$ 5 mil). O projeto de lei gerou controvérsias não apenas dentro da comunidade de criptomoedas, como na própria política europeia.

Mais de 90 parlamentares votaram a favor da proposta, mas os membros do Partido do Povo Europeu (European People’s Party, EPP na sigla original) acusaram o projeto de violar a privacidade dos cidadãos. Já as empresas do setor de criptomoedas alegaram que a nova lei impacta na competitividade dos países integrantes da União Europeia. 

Rússia x criptomoedas

Assim como no Reino Unido, na Rússia a situação cripto também é cheia de desconfiança. No entanto, a vice-governadora do Banco Central da Rússia, Ksenia Yudaev, chegou a informar que a instituição está “aberta a permitir o uso de criptomoedas”, pelo menos no que diz respeito a pagamentos internacionais. Trata-se de uma mudança de posicionamento em relação às moedas digitais, em contraste com a extrema oposição de antes.