Real digital deve chegar ainda em 2022, segundo Banco Central
Na última segunda-feira (11), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou a estimativa de que o Real Digital deve chegar ainda em 2022, mais precisamente no segundo semestre. A informação foi veiculada durante uma apresentação no evento “O Cenário Econômico e a Agenda BC”.
A ideia é que o projeto piloto dessa moeda digital seja emitido pelo próprio Banco Central, o que já aponta uma diferença crucial em relação às criptomoedas que circulam pelo mercado internacional atualmente, como a Bitcoin ou Ethereum. Nesse caso específico, tanto a emissão da moeda digital em si quanto a gestão devem ficar concentradas em uma única instituição (o próprio Banco Central), em vez de uma blockchain descentralizada.
Ainda assim, o Real digital pode ser considerado dentro do espectro de moedas digitais estáveis, que costumam fazer referência o valor de outro ativo (moeda fiduciária, ou seja, sem lastro em metal ou valor intrínseco e que possui valor porque o governo, a economia e as pessoas em geral atribuem uma valia; ou um ativo físico). Assim, a proposta é aproveitar o sistema usado pelo Brasil para pagamentos fiduciários, o STR (Reserve Transfer System), que tem como referência o Real.
“Isto [usar o STR no Real Digital] é uma forma de criar a digitalização da moeda sem criar uma ruptura nos balanços dos bancos”, explicou Campos Neto, que ainda completou com o fato de que os bancos devem ter a possibilidade de emitir moedas digitais estáveis sobre os seus respectivos depósitos.
Em meio à apresentação, o presidente do Banco Central trouxe à tona as principais etapas diretamente relacionadas com o desenvolvimento do Real Digital. Foi no dia 28 de março que a execução dos projetos passou a ter início. Por sua vez, o período de testes deve durar até 29 de julho, aproximadamente. Feito isso, a etapa seguinte se refere aos projetos-piloto, que devem vir à tona no quarto trimestre de 2022, segundo a projeção apresentada.
Além disso, na ocasião, o economista chegou a lançar comentários sobre a Lei Bitcoin, que contempla os PL 2303/2015 e PL 3825/2019. “Tenho observado nos últimos meses protocolos diferentes que fazem com que de fato, quando eu olho para frente, algumas coisas mudem em relação à convergência que eu tinha imaginado. Mudem para melhor, mais eficiente, mais integrado”, dissertou, fazendo menção à lei que vem sendo discutida desde o ano de 2015.
Além do Real Digital: moedas de outros países
O Brasil não foi o primeiro país a ter a ideia de criar a própria moeda digital. Durante o evento, que foi promovido pela empresa Arko e pela plataforma de investidores Traders Club, Campos Neto chegou a relembrar que diversos Bancos Centrais desenvolvem suas próprias moedas digitais no período atual. É o caso de países como os Estados Unidos, Ucrânia e China, por exemplo. Neste último caso, a moeda em questão já está inclusive em circulação: o yuan digital.
No próprio site do Banco Central, eles afirmam que “a maior parte dos países vê nas CBDCs [Central Bank Digital Currency] o potencial de melhorar a eficiência do mercado de pagamentos de varejo e de promover a competição e a inclusão financeira para a população ainda inadequadamente atendida por serviços bancários”. Segundo a instituição, a crise da pandemia evidenciou a importância de os instrumentos digitais de pagamentos chegarem aos segmentos mais vulneráveis e afetados da população.