Banco Central da Rússia reconsidera posicionamento sobre criptomoedas

Na última terça-feira (31), a vice-governadora do Banco Central da Rússia, Ksenia Yudaev, informou que a instituição está “aberta a permitir o uso de criptomoedas”, pelo menos no que diz respeito a pagamentos internacionais. Trata-se de uma mudança de posicionamento em relação às moedas digitais, em contraste com a extrema oposição de antes.

Ainda assim, no entanto, Yudaeva declarou que o banco mantém sua perspectiva em enxergar o uso mais amplo das criptomoedas na Rússia como uma ameaça financeira. As informações vêm da agência de notícias Reuters. “A princípio, não nos opomos ao uso de criptomoedas em transações internacionais. Ainda acreditamos que o uso ativo de criptomoedas no país, especialmente na infraestrutura financeira da Rússia, cria grandes riscos para cidadãos e usuários. Acreditamos que em nosso país esses riscos podem ser razoavelmente grandes”, afirmou a vice-governadora.

Yudaeva também alegou que os riscos gerais para a estabilidade financeira na Rússia como resultado das sanções ocidentais impostas aos credores russos diminuíram, já que os bancos agora têm ampla liquidez em moeda estrangeira.

Rússia x criptomoedas

A relação entre as autoridades russas e as criptomoedas não é nova: já faz meses que a Rússia luta para regular o uso de moedas digitais no país, e só para se ter uma noção, o banco central chegou a solicitar uma proibição geral. Por enquanto, porém, ainda não há consenso entre os diferentes departamentos.

Na semana passada, o Ministério das Finanças da Rússia anunciou que a permissão de pagamentos internacionais com criptomoedas ajudaria o país em questão a combater o impacto das sanções ocidentais impostas desde que Moscou enviou dezenas de milhares de tropas para invadir a Ucrânia.

Anteriormente (mais precisamente, no último mês de outubro), o presidente russo — Vladimir Putin — manifestou sua opinião de oposição em relação ao uso de criptomoedas para o comércio de petróleo. Entretanto, desde a invasão à Ucrânia, o apoio do governo russo às criptomoedas tem mostrado um crescimento notável.

Criptomoedas no Reino Unido

Também na última terça (31), o Her Majesty’s (HM) Treasury, o departamento do Governo do Reino Unido que é responsável pelo desenvolvimento das finanças públicas e da política econômica do país, publicou um relatório destacando a importância das stablecoins na inovação, apesar de sua capacidade de impactar a estabilidade financeira em caso de falhas sistêmicas.

Com isso, o departamento pediu a nomeação do Regime Especial de Administração de Infraestrutura do Mercado Financeiro (FMI SAR) como a principal entidade para lidar com a potencial falha sistêmica das empresas responsáveis pela emissão de stablecoin, além da atribuição de maiores poderes ao Banco Central da Inglaterra (Bank of England) para dirigir administradores e criar regulamentos. O principal argumento do HM Treasury gira em torno da possibilidade de “um grande número de pessoas perder o acesso a fundos e ativos”.

A Europa, de modo geral, ainda mantém uma relação espinhosa com as criptomoedas. No último dia 24, o Banco Central Europeu trouxe à tona um documento que enfatizou os perigos do mercado cripto e seu potencial para gerar uma crise financeira.