Conheça o sistema Terra-Luna – Blockchain para pagamentos e reserva de valor
9 entre 10 economistas e pessoas do mercado financeiro que se debruçam sobre criptomoedas, mais notadamente sobre o bitcoin (BTC), fazem a mesma observação: Como uma criptomoeda que originalmente foi lançada para ser um sistema de trocas peer to peer (entre duas pessoas ou entidades) pode ser tão volátil?
Recentemente foi a vez de Ray Dalio, o bilionário fundador da Bridgewater, o maior fundo Hedge do mundo, citar a volatilidade do bitcoin como ponto negativo para usá-lo como um sistema de trocas confiável.
No tweet acima o bilionário cita a volatilidade alta como ponto negativo para comerciantes aceitarem Bitcoin como forma de pagamento.
Será que eles tem razão nesse ponto?
Após uma rápida observação na variação das cotações em dólar ou reais do Bitcoin e de criptomoedas em geral, é possível constatar que essa observação tem fundamento, considerando o histórico dos criptoativos.
Conforme o Coinmarketcap, o Bitcoin (BTC) em meados de 2016 valia o equivalente a 600 dólares, subiu para aproximadamente 20.000 dólares no final de 2017 e caiu para 3.000 dólares no final de 2018, sendo que muitas vezes essas quedas ou subidas eram equivalentes a 40% em poucos dias.
Uma volatilidade dessas não é exatamente o que se espera de um meio de troca para uso no comércio em nossa rotina, ou mesmo pagamentos de salários e outras obrigações.
Foi pensando em resolver esse problema da volatilidade em pagamentos que Daniel Shin e Do Kown fundaram em 2018 a Terra.
Os dois conceberam o projeto como uma forma de impulsionar a rápida adoção da tecnologia blockchain e criptomoeda por meio do foco na estabilidade de preços e usabilidade.
Kwon assumiu o cargo de CEO da Terraform Labs, a empresa por trás da Terra.
Terra busca se diferenciar por meio do uso de stablecoins indexadas a moedas fiduciárias como o dólar, combinando os benefícios das criptomoedas para fazer pagamentos seguros com criptografia sem fronteiras, de maneira rápida e com baixo custo mas com a estabilidade diária dos preços das moedas fiduciárias.
O sistema mantém sua fixação de um para um por meio de um algoritmo que ajusta automaticamente o fornecimento estável da moeda com base em sua demanda.
As stablecoins como a UST, mantém seu valor estável através da criptomoeda Luna, fazendo uma analoagia com a Lua, o satélite natural que ajuda a estabilizar a rotação do planeta Terra.
Para ver mais detalhes sobre como a Luna mantém o valor das stablecoins do sistema Terra estáveis veja esse vídeo.
Luna como uma promissora reserva de valor
É importante notar também que conforme o uso de pagamentos com stablecoins do sistema Terra aumenta, ocorre a queima de tokens Luna.
Com o aumento de escassez da Luna, o preço do token tende a se valorizar recompensando as pessoas que detém o token.
Sim, é isso mesmo. Se você gostava do Bitcoin como reserva de valor pelo ativo possuir uma quantiade máxima pré definida de criptomoedas, a Luna possui ainda uma tendência deflacionária, conforme se aumenta o uso do sistema.
Ato contínuo, com o aumento da quantidade de pagamentos a escassez de Luna aumenta e o preço tende a subir.
Mas como está a adoção da Terra-Luna como pagamento?
Atualmente o tamanho de mercado da criptomoeda Luna é de $137 milhões de dólares e ocupa apenas a colocação 86 entre as maiores criptomoedas em capitalização de mercado, segundo o Coinmarketcap.
Mesmo assim o sistema Terra-Luna gera tipicamente mais taxas do que todas as criptomoedas do mercado, com exceção do Bitcoin (BTC) e Ethereum.
Esse é um dado impressionante para um projeto relativamente novo no mercado de criptomoedas.
Mas como as taxas diárias tem sido tão altas?
Os fundadores do projeto acreditam na simplicidade e muitas pessoas estão usando o sistema Terra-Luna com cartões de débito sem nem precisar saber o que é uma blockchain.
Para conseguir essa facilidade para os usuários eles estão apostando em parcerias e a principal delas é a Chai, uma empresa de pagamentos muito popular na Coréia do Sul.
Conforme a imagem abaixo o número total de usuários do CHAI vem crescendo consistentemente, segundo informações do site https://www.chaiscan.com/.
Além disso, para os investidores do token também é possível delegar Luna e ganhar com stake aproximdamente 12% ao ano usando o Terra Station.
O sistema é seguro e você mantém suas chaves privadas mesmo quando está delegando Luna para um dos validadores.
Como a blockchain da Luna utiliza proof of stake, ao colocar o token em stake os usuários estão ajudando a aumentar a segurança da rede e por isso são remunerados por isso.
A remuneração é paga em stablecoin da moeda do país de origem e é gerada pelas taxas pagas pelos usuários do sistema de pagamentos, como por exemplo usuários de cartões de débito CHAI. Neste caso cada transação recebe em média 2 a 3% do comerciante.
Ou seja, diferente do Ethereum 2.0, em que ao deixar os ETH em stake você recebe novos ETH recém criados, o sistema da Luna não gera novos tokens Luna.
Toda a recompensa do proof of stake da Luna não é feita por inflação com a emissão de novas moedas e sim pela taxas do sistema de pagamentos em moeda fiduciária.
No meio de tantos projetos de blockchain que não são nada amigáveis para usuários não iniciados no mundo das criptomoedas, a Terra-Luna desponta como um projeto inovador com caractérística de explorar a adoção em massa sem que as pessoas precisem aprender sobre chaves privadas, chaves públicas, exchanges de cripotmoedas, etc.
Essa característica torna esse projeto totalmente único e inovador e essa é uma das razões desse projeto estar sendo chamado de “Paypal coreano”.
É sempre bom lembrar que o site criptos.com.br não tem objetivo fornecer consultoria financeira e nossos artigos tem somente caráter somente educativo.
Marcelo Pravatta é engenheiro eletrônico formado pela USP, coproprietário do site www.criptos.com.br , entusiasta de criptomoedas e escola austríaca de economia