Chinês processa empresa após receber salário em criptomoedas
Você gostaria de receber o seu salário em criptomoedas? Pois um funcionário chinês processou a empresa de TI em que trabalhava justamente por conta da remuneração em Tether USDT, uma stablecoin atrelada ao dólar. A queixa do rapaz é que o salário deveria ser pago em Renminbi, moeda utilizada oficialmente na China.
De acordo com o site chinês Beijing News, o homem recebia grande parte de seu salário em stablecoin, mas o fato é que as criptomoedas estão banidas na China, por isso o colaborador levou o caso para a justiça.
Frente ao ocorrido, o Tribunal Popular do Distrito de Chaoyang de Pequim deu a causa para o funcionário, uma vez que nem a Tether (USDT) nem qualquer outra criptomoeda pode ser usada no país como forma de dinheiro. Em outras palavras, todos os empregadores paguem apenas seus trabalhadores usando RMB. Logo, a queixa para receber salários e bônus na forma de RMB está “em total conformidade com as leis locais e o tribunal o apóia”.
Dito isso, o tribunal chinês ordenou que os réus pagassem um total de mais de 270.000 RMB (R$ 215 mil) em salários ao autor do processo. Além do salário, Shen (o responsável por processar a empresa de TI) também teria recebido suas horas extras e bônus de desempenho em USDT.
“O Aviso sobre Prevenção e Tratamento de Riscos Exagerados em Transações em Moedas Virtuais […] estipula que a moeda virtual não tem o mesmo status legal que a moeda legal. O USDT Tether envolvido no caso não deve e não pode circular no mercado como moeda virtual”, consta a decisão da justiça do país.
Criptomoedas na China
O Banco Popular da China anunciou oficialmente um conjunto de medidas para combater a adoção de criptomoedas no país em setembro de 2021. A ação envolveu 10 autoridades estatais chinesas estabelecendo um novo mecanismo para impedir que jogadores financeiros participassem de qualquer transação de criptomoeda.
Isso quer dizer que, atualmente, todas as transações de USDT são ilegais na China. No entanto, proibir essas transações pode ser uma tarefa muito difícil para os reguladores, conforme comentam os entusiastas do assunto.
Desemprego no mercado cripto
Se por um lado, algumas empresas chinesas buscam as criptomoedas para remunerar seus funcionários, por outro, existem fortes nomes do mercado cripto que estão se desfazendo de sua força de trabalho. É o caso, por exemplo, da Coinbase e da Crypto.com, que demitiram funcionários por crise.
O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, comunicou a redução de 18% da equipe — o equivalente a 1.100 funcionários, de acordo com um documento registrado na Comissão de Valores Mobiliários (SEC). Segundo o bilionário, a empresa se depara com um rápido crescimento no número de funcionários, desde 2021, chegando a aumentar quatro vezes nos últimos 18 meses.
Tal qual Armstrong, o CEO da Crypto.com, Kris Marszalek, também foi ao Twitter para anunciar que a exchange com sede em Cingapura reduziria sua força de trabalho. Ao todo, são 260 funcionários, o que representa 5% da empresa da área de criptomoedas.