A adoção de criptomoedas como forma de pagamento
A primeira transação comercial com criptomoeda que ficou conhecida foi a compra de 2 pizzas em maio de 2010. No fórum Bitcointalk um membro disse que pagaria 10.000 bitcoins para quem entregasse 2 pizzas em sua casa. Outro membro do fórum intermediou a compra e mandou entregar 2 pizzas na casa do primeiro membro.
Essa ficou conhecida como a primeira troca de uma criptomoeda por um bem físico.
Nessa época o valor do Bitcoin era bem menor do que valor atual, sendo que o total das pizzas valia na época 25 dólares.
Mas essa primeira transação abriu visibilidade para o
poder do “peer to peer electronic cash” idealizado por Satoshi Nakamoto na
divulgação do White Paper do Bitcoin em outubro de 2008.
Conforme previsto pelo criador, essa transação foi realizada diretamente entre
2 pessoas, online e sem nenhuma participação de uma instituição financeira
intermediária.
É o mesmo que ocorre quando compramos algum produto em uma loja física e pagamos com dinheiro de papel ou moeda. Não existe sequer a necessidade de apresentar um documento de identidade, em muitos casos.
Mas quais outras utilizações com criptomoedas foram sendo realizadas até o dia de hoje?
Em 2011 o Silk Road, mercado operante através da
Darknet, começou a aceitar Bitcoin como pagamento e funcionava como uma Amazon
anônima. O fundador da plataforma, Ross Ulbricht, que seguia ideais
libertários, mantinha a plataforma seguindo sua ideologia de permitir liberdade
econômica entre duas pessoas sem intervenção do estado e sem instituições
financeiras intermediárias.
Infelizmente em 2013 o Silk Road foi fechado pelo governo americano e Ulbricht
foi exageradamente condenado à prisão perpétua, mesmo não tendo nenhuma vítima.
Para quem quiser conhecer mais detalhes sobre o caso recomendo este artigo.
Mas voltando ao nosso assunto principal, o relevante para esse artigo no episódio Silk Road é ressaltar que criptomoedas tem um grande potencial de utilização e esse foi um exemplo relevante de uso real.
O número de comércios aceitando Bitcoin e outras criptomoedas, desde então, não parou de aumentar.
Atualmente existe uma lista grande de locais que aceitam criptomoedas como pagamento de maneira direta ou indireta. Entre os exemplos estão Wikipedia, Expedia, Microsoft e AT&T, conforme mostrado aqui.
Mas é importante notar que em poucos locais as
criptomoedas atualmente são aceitas diretamente, por causa da alta volatilidade
dos preços desses ativos. As criptomoedas historicamente podem desvalorizar ou
valorizar mais de 30% em poucas horas.
E para poder fazer uma contabilidade confiável as pessoas precisam de uma moeda
mais estável.
Porém é provável que ao longo dos anos, quando o volume de transações forem maior, a volatilidade diminua bastante, viabilizando o uso direto em massa.
E portanto atualmente a solução mais comum para lojistas tem sido aceitar criptomoedas através de uma empresa como a Bitpay, que processa o pagamento e já envia dinheiro fiat (real, dólar, etc) para o lojista.
Além disso, o Bitcoin BTC, a partir de 2017 começou a apresentar
uma taxa extremamente alta para 2 pessoas fazerem uma transação. A média diária
chegou a atingir 50 dólares, conforme já foi mostrado aqui.
Por essa razão muitos lojistas estão preferindo utilizar o Bitcoin Cash BCH,
que possui taxas muito menores, sendo menor que um centavo de dólar.
E como usar Bitcoin Cash no comércio?
Mesmo sendo menos conhecido que o Bitcoin BTC, o Bitcoin BCH vem crescendo bastante e muitos desenvolvedores estão criando aplicativos que estão começando a formar a infraestrutura para lojistas e clientes realizarem transações com Bitcoin Cash.
Para encontrar locais que aceitam Bitcoin Cash basta baixar o aplicativo Marco Coino, disponível em Android e iOS.
Aqui no Brasil por exemplo, o Restaurante My Sushi em Indaiatuba no interior de São Paulo, aceita Bitcoin Cash como pagamento e ainda concede 10% de desconto para quem fizer pagamento com BCH.
Veja vídeo com pagamento em Bitcoin Cash no My Sushi.
Neste caso o restaurante utiliza o aplicativo BCH Merchant para receber o pagamento e o cliente usa uma carteira de criptomodas no celular como por exemplo a carteira da Bitcoin.com.
Ambos apps estão disponíveis para iOS e Android e são
gratuitos.
É portanto muito fácil, para grande parte da população, ter acesso a esses aplicativos.
Se considerarmos que o número de pessoas que possuem smartphone e acesso à internet já são enormes e está aumentando, isso potencializa ainda mais a adoção em um futuro próximo.
Segundo a WARC (World Advertising Research Center), atualmente 51% das pessoas no mundo, ou seja, 2 bilhões de pessoas, têm smartphone com acesso à internet. E além disso, esse número deve saltar para quase 4 bilhões de pessoas, ou 75% dos habitantes do planeta, em 2025.
Mas apesar desses exemplos de utilização em comércio, ainda resta um caminho longo para ter uma verdadeira adoção das pessoas comuns com criptomoedas em suas rotinas.
Mas o que mais pode ser feito para que cada vez mais pessoas usem esse revolucionário sistema de pagamento com blockchain?
Para divulgar as criptomoedas e divulgar o conhecimento sobre blockchain, muitas pessoas ao redor do mundo realizam Meetups (Reuniões Informais), sem nenhum custo para os participantes, em bares e restaurantes.
É possível encontrar meetups em grandes cidades como Tokyo, Sidney, Los Angeles e São Paulo e também em cidades pequenas como Indaiatuba no interior de São Paulo, cujo meetup sou o organizador.
No total existem mais de 70 Bitcoin Cash Meetups no mundo, sendo que alguns tem frequência semanal e outros mensal ou trimestral.
Mas será que o ritmo de adoção continuará acelerando?
Bom, a Samsung lançou em 2019 o Smarphone Galaxy S10 já com uma carteira de criptomoedas instalada.
A Rakuten, uma espécie
de Amazon japonesa, anunciou há poucos dias que irá aceitar trocar seus
pontos de fidelidade por Bitcoin Cash, Bitcoin ou Ethereum.
Enfim, novos exemplos não param de surgir.
Tudo indica que as criptomoedas vieram para ficar e realmente podem
revolucionar o mundo.
Marcelo Pravatta é engenheiro eletrônico, coproprietário do site www.criptos.com.br , entusiasta de criptomoedas e escola austríaca de economia e organizador do Bitcoin Cash Meetup Brasil – Indaiatuba.